terça-feira, 30 de dezembro de 2008


Final de ano...Um Momento em que a maioria das pessoas aproveita para abrir seus armários e escolher roupas, sapatos, bolsas que não usam mais... fazer as doações que toda pessoa politicamente correta deve fazer... Tiramos sacolas, mais ou menos volumosas, de nossas casas e suspiramos felizes por termos colocado para fora aquilo que já era velho e não utilizado, atravancando nossa vida... E seguimos rumo ao fim do ano, com suas festas e promessas de um novo, maravilhoso e diferente ano.Só que nossos sentimentos e emoções velhos, desgastados, não utilizados ou mal utilizados continuam dentro de nossa casa: em nossa mente, em nosso coração. E passam-se as festas e entra um novo ano, pulamos as sete ondas, comemos doze uvas, romãs, porco, etc. e nada muda, verdadeiramente.A insatisfação continua aquela sensação de "algo não está bem", "eu não estou bem" permanece e atormenta, mas a gente não dá atenção a elas, porque um novo ano começou e devemos aproveitar as férias, pular carnaval, iniciarmos nossas atividades no trabalho ou estudo... e as sensações vão se acumulando e a gente varrendo, laboriosamente, para debaixo do tapete... claro que há momentos que elas colocam uns dedinhos para fora, tentando se agarrar a algo e surgir. Só que a gente faz uma força enorme para que isso não aconteça. Só que isso desgasta, cansa, frustra, acaba vencendo nossas limitações...Há pessoas que suportam anos e anos, até que ocorra a explosão. Outras levam menos tempo, mas a explosão não é menos caótica.Porque temos medo de nós mesmos, de nossas emoções, de nossos sentimentos; aquilo que escondemos, com tanto empenho e dedicação, somos nós... o que há de mais profundo e, porque não dizer, perturbador sobre nós, mas é aquilo que somos... por mais que fujamos, por mais que a sociedade nos coloque uma faca no pescoço: só quem é feliz, realizado, sem problemas é normal. Parece que precisamos viver numa propaganda de margarina eternamente, com sorrisos falsos nos lábios, mesmo que os olhos tenham a luz apagada, o brilho embaçado. E devemos esconder quem somos alguém pode não gostar de nós, se nos conhecer de verdade. Temos que estar sempre bem e felizes, sob o perigo de sermos abandonados ou depreciados se assim não o formos.A vida só é bela para quem faz dela algo belo e isso não significa estar sempre bem ou esconder nosso verdadeiro “Eu” daqueles que gostam de nós. Se eles gostam é porque somos quem somos, não uma caricatura bonita e gentil, sorridente e despreocupada...Melhor que colocarmos para fora de nossas casas os objetos que já não usamos que já não nos servem mais, é aceitarmos a nós mesmos, fazermos uma análise do que nos serve ainda e do que não serve mais dentro de nós. Colocar isso pra fora, para que, enfrentando nossos medos e decepções, tristezas e erros, eles nos abandonem e dêem lugar ao novo que vem por aí... as novas pessoas que surgirão, as novas alegrias que acontecerão e que, quando nos perguntarem qual a nossa última alegria, aquela que lembramos com mais carinho, não precisemos responder: "Boa pergunta..."

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

¤ PRESENTE DE NATAL ¤


Hoje estava pensando em tudo que vivi esse ano, e em todos natais já vividos durante esses 27 anos. Me peguei agradecendo a Deus por ter me proporcionado dessa vez um ano tranquilo e feliz...Não tive nem coragem de pedir algo novo pra o próximo ano, só conseguir agradecer em silêncio. Tantas coisas boas me aconteceram, em tão pouco tempo vivi coisas que nunca imaginaria viver...tive oportunidades extraordinárias e momentos de felicidades inexplicaveis. Ganhei um presentão de Natal que não troco por nada...um presente que já estava preparado pra mim há alguns anos, mas que só agora foi entregue.Estou feliz e tranquila, e o melhor estou me deliciando com tudo novo e diferente que tem me acontecido. Não tenho nem o que falar dos amigos...Aqueles antigos que estão ao meu lado durante anos, e também aqueles novos que aos poucos tem chegado devagarinho e vem ganhando um espaço grande na minha vida. Como já mencionei...só tenho mesmo a agradecer. Queria poder comentar sobre cada coisa boa que aconteceu, sobre cada presente que ganhei ( e quando falo presente, não me refiro somente a coisas materiais), gostaria mesmo era conseguir expressar o que sinto, mas me faltam palavras mesmo, mas...em resumo, estou FELIZ!!!


Ps: A foto acima foi um presente de um amigo distante. Me mandou por email uma foto minha com um poema que ele fez. Coisa de amigo especial, sensivel no sentindo totalmente literal da palvra.



Feliz Navidad!!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

AMAR


Amar as pessoas não é tarefa fácil. Misturar vidas, dividir emoções, partilhar sentimentos...
Tudo isso requer aprendizado e disponibilidade. Não amamos as pessoas por mera conseqüência; amamos porque escolhemos amar, porque aprendemos compartilhar os momentos e dividir as alegrias. Em um mundo onde os sentimentos estão tão banalizados, ainda a quem ame com desejo e ternura...
A quem escolha amar, aprender tão difícil tarefa, encontrar alguém que faça seus olhos brilharem, seus joelhos falharem e sorriso abrir. A quem resolva se doar pra tão grande sentimento.
Embora muitos já tenham se machucado com o tal tarefa, nunca encontrei alguém que não estivesse disposto a tentar novamente, e aqueles que nunca experimentaram almejam o que não é tão fácil assim...Muitos não percebem, mas já amam. Ama o amigo, ama o irmão, ama o cachorro que saltita toda vez que lhe vê, ama a pessoa que lhe faz sorrir todas as manhãs...Ama e não sabe que leva consigo o mais precioso dom: o de amar!


Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o AMOR !!! (Carlos Drumod de Andrade)

terça-feira, 16 de dezembro de 2008


Eu nunca fui uma moça bem-comportada....Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida, pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal-resolvido sem soluços...Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo e não estou aqui pra que vocês gostem de mim, mas pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho e seduzir somente o que me acrescenta....Tenho uma relação de amor com a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra. A palavra é meu inferno e minha paz.

Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que quase me deixa exausta.Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo.Eu sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.

...Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa.Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar....Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.

Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.Em gente que fala tocando no outro de alguma forma, no toque mesmo, na voz ou no conteúdo.Eu acredito em profundidades...E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos:são eles que me dão a dimensão do que sou..!!!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Apaixonados


Li esse texto de Rubem Alves hoje. Na verdade há pouco mais de 20 minutos. E achei que era legal colocá-lo aqui. Ele fala sobre a paixão. Começa o texto com um verso de T. S. Eliot: "...E livra-me da dor da paixão não satisfeita, e da dor muito maior da paixão satisfeita." E continua a falar sobre aspectos da paixão que deixam apaixonados com um brilho diferente no olhar e que faz com que a vida pareça sempre banhada por uma luz crepuscular. Em determinado ponto do texto escreve:
"...A dor da paixão não satisfeita é esta: o apaixonado deseja possuir o objeto do seu amor, mas ele escapa sempre. Por isso ele sofre. Movido pela dor, quer possuí-lo. Não sabe que, para que sua paixão continue a existir, é preciso que ele continue escapando sempre. A paixão só ama objetos livres como os pássaros em vôo..."
E ilustra com a seguinte estória:
"A Menina era apaixonada pelo Pássaro Encantado. Mas ela sofria porque o Pássaro era livre. O Pássaro Encantado era sempre uma ausência que se demorava, uma despedida pronta a cumprir-se. O Pássaro lhe disse que era preciso que fosse assim para que eles continuassem apaixonados. Ele sabia que a paixão só ama pássaros em vôo. Mas a Menina não acreditou. Prendeu-o numa gaiola... Há gaiolas feitas de ferro e cadeados. Mas as mais sutis são feitas com desejos. O Pássaro também tinha uma estória. Todo Pássaro deseja voar. Ele bate suas asas contra as grades, suas penas perdem as cores e o seu canto se transforma em choro. E, de repente, ele se transforma. Não mais o reconhecemos. É um outro... Contada assim, a estória parece ter um vilão e uma vítima. A verdade é que os dois são vilões, os dois são vítimas. O desejo da gente é sempre engaiolar o outro e levá-lo pelos caminhos que são nossos.
...Haverá uma saída? Há, mas ela é inaceitável aos apaixonados. Ela está dita neste pequeno poema: "Eu sou eu. Você é você. Eu não estou nesse mundo para atender às suas expectativas e você não está nesse mundo para atender às minhas expectativas. Eu faço a minha coisa. Você faz a sua. E quando por acaso nos encontramos é muito bom..."


Quis colocar esse texto aqui, porque constantemente vejo pessoas sofrendo por causa da incessante necessidade de prender as outras pessoas a si. É dificil encontrar alguém que consiga amar sem conseguir sentir essa necessidade de se prender aos outros. Depois de alguns anos aprendi e experimento o prazer de estar ao lado de alguém sem necessáriamente precisar prende-lo, sem precisar viver sob desconfiança...o ciúmes é bom, tempera a relação, mas nada supera o prazer de ser livre e se deixar amar.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Amigos


Os dois eram grandes amigos. Amigos de infância. Amigos de adolescência. Amigos de primeiras aventuras. Amigos de se verem todos os dias. Até mais ou menos os 25 anos. Ai, por uma destas coisas da vida – e como a vida tem coisas! – passaram muitos anos sem se ver. Até que um dia...
_ Eu não acredito!
_ Não pode ser!
Caíram um nos braços do outro. Foi um abraço demorado e emocionado. Deram-se tantos tapas nas costas quanto tinham sido os anos de separação.
_ Deixa eu te ver!
_ Estamos ai!
_ Mas, você está careca!
_ Pois é.
_ E aquela cabeleira? Fazia um sucesso.
Pois é.
_ Puxa. Deixa eu te ver atrás.
Ele se virou para mostrar a careca atrás. O outro exclamou:
_ Completamente careca!
_ E você?
_ Espera ai. O cabelo esta todo aqui. Um pouco grisalho, mas firme.
_ E essa barriga?
_ O que é que a gente vai fazer?
_ Boa vida...
_ Mais ou menos...
_ Uma senhora barriga. Aposto que futebol, com essa barriga...
_ Nunca mais.
_ Você batia um bolão hein [...]
_ Também vinte anos né...
_ Vinte cinco...
_ Você mudou um bocado.
_ Você também.
_Você acha?
_ Claro!
_ Careca... [...]
_ Ah não, cabelo outra vez! Mas isso já é obsessão. Eu se fosse você, procurava um médico.
_ Vá você, que esta precisando. Se bem que velhice não tem cura.
_ Quem é que velho?
_ Ora, faça-me o favor...
_ Velho é você...
_ Múmia!
_ ah, é? Ah, é?
_ Cacareco! Ou será cacareca?
_ Saia da minha frente!
Separaram-se, furiosos. Inimigos para o resto da vida.
(E ainda tem gente que não entende a polidez falsificada e quase escancarada das mulheres)