quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Apaixonados


Li esse texto de Rubem Alves hoje. Na verdade há pouco mais de 20 minutos. E achei que era legal colocá-lo aqui. Ele fala sobre a paixão. Começa o texto com um verso de T. S. Eliot: "...E livra-me da dor da paixão não satisfeita, e da dor muito maior da paixão satisfeita." E continua a falar sobre aspectos da paixão que deixam apaixonados com um brilho diferente no olhar e que faz com que a vida pareça sempre banhada por uma luz crepuscular. Em determinado ponto do texto escreve:
"...A dor da paixão não satisfeita é esta: o apaixonado deseja possuir o objeto do seu amor, mas ele escapa sempre. Por isso ele sofre. Movido pela dor, quer possuí-lo. Não sabe que, para que sua paixão continue a existir, é preciso que ele continue escapando sempre. A paixão só ama objetos livres como os pássaros em vôo..."
E ilustra com a seguinte estória:
"A Menina era apaixonada pelo Pássaro Encantado. Mas ela sofria porque o Pássaro era livre. O Pássaro Encantado era sempre uma ausência que se demorava, uma despedida pronta a cumprir-se. O Pássaro lhe disse que era preciso que fosse assim para que eles continuassem apaixonados. Ele sabia que a paixão só ama pássaros em vôo. Mas a Menina não acreditou. Prendeu-o numa gaiola... Há gaiolas feitas de ferro e cadeados. Mas as mais sutis são feitas com desejos. O Pássaro também tinha uma estória. Todo Pássaro deseja voar. Ele bate suas asas contra as grades, suas penas perdem as cores e o seu canto se transforma em choro. E, de repente, ele se transforma. Não mais o reconhecemos. É um outro... Contada assim, a estória parece ter um vilão e uma vítima. A verdade é que os dois são vilões, os dois são vítimas. O desejo da gente é sempre engaiolar o outro e levá-lo pelos caminhos que são nossos.
...Haverá uma saída? Há, mas ela é inaceitável aos apaixonados. Ela está dita neste pequeno poema: "Eu sou eu. Você é você. Eu não estou nesse mundo para atender às suas expectativas e você não está nesse mundo para atender às minhas expectativas. Eu faço a minha coisa. Você faz a sua. E quando por acaso nos encontramos é muito bom..."


Quis colocar esse texto aqui, porque constantemente vejo pessoas sofrendo por causa da incessante necessidade de prender as outras pessoas a si. É dificil encontrar alguém que consiga amar sem conseguir sentir essa necessidade de se prender aos outros. Depois de alguns anos aprendi e experimento o prazer de estar ao lado de alguém sem necessáriamente precisar prende-lo, sem precisar viver sob desconfiança...o ciúmes é bom, tempera a relação, mas nada supera o prazer de ser livre e se deixar amar.

2 comentários:

Maa. disse...

eu adorei aqui,realmente são poucas as pessoas que conseguem amar e deixar livre ao mesmo tempo.
eu ainda tenho muito o que aprender,mais creio que com o tempo percebemos que ou amamos e não aprisionamos,e assim conseguimos o equilibrio, ou sofreremos eternamente por amor.
Beijo =*

Maa. disse...

Oi Vany :)
Fico feliz por gostar dos posts.
na verdade tenho dois por mera incapacidade uahsush eu acabei fazendo um blog pelo meu celular n sei como! uahsuhaa ai resolvi ficar com os dois, eu sempre tento manter um com desabafos ou pensmaentos e outro com frases.mãss nem sempre isso é o que aocntece,asauhsauh e sobre o tempo de atualizar os 2? eu tenho alguns tempos vagos durante a madrugada de insonia. auhsuha
beijos ;**