terça-feira, 14 de outubro de 2008

SER PROFESSORA


Quando eu era criança tinha apenas um sonho: QUERIA CRESCER, SER GENTE GRANDE...
Lembro que às vezes à noite no meu quarto e imaginava como seria minha vida adulta, e achava tudo àquilo tão fascinante... ficava horas pensando. Outras vezes reservava toda a tarde imaginando como seria o dia se eu tivesse que trabalhar, era bom demais e eu transformava tudo isso em uma grande brincadeira; Montava um escritório (sim eu queria ser uma secretária), e ficava lá atendendo um telefone imaginário, anotando recados e me sentindo importante. Chegou à adolescência e lá estava eu sonhando mais uma vez. Diferente das garotas da minha idade, eu não pensava em namoricos, em meninos e nessa história de paqueras. Afundava-me em livros e viajava, conheci tantos lugares com a cara dentro dos livros que até perdi as contas de quantos livros eu já li em toda essa minha vida, lembro apenas que com 14 anos havia lido toda a série vaga lume e depois disso comecei a conhecer os clássicos da literatura brasileira (foi aqui que me apaixonei por literatura). Minha mãe vivia dizendo: _ Menina você vai ficar louca, ninguém lê tanto nessa vida. A moça da biblioteca publica já me conhecia e sempre me dava dicas incríveis...e assim o tempo foi passando mais uma vez. Da adolescência até a fase adulta não percebi quão rápido os anos voaram, só sei que tenho a sensação de que perdi algo.
Hoje já adulta, confesso que tem dias que desejo profundamente voltar a ser criança, quero partilhar da ingenuidade que muitos ainda possuem, quero brincar sem ter a preocupação com o dia de amanhã, enfim quero ser livre. Outros dias acordo com ímpetos de voltar a ser adolescente, não ter responsabilidade, fazer as coisas sem pensar, não ter que manter a sanidade sempre em dia, tenho vontade mesmo de extravasar.
Passo assim dias e dias, pensando em como a vida é boa conosco e não temos a sensibilidade de compreender. Foi pensando nisso que percebi que Deus me deu, por meio da minha profissão, a maior e melhor oportunidade de ser tudo isso... criança, adolescente e também alguém maduro responsável. Percebi que tem dias que posso extrapolar feito criança... brincar, correr, rir do nada. Outros dias posso ser adolescente, trocar confidencias, ouvir histórias, ajudar numa paquerinha e me sentir realizada com isso. Mas na maioria das vezes exerço o melhor de todos os papeis que é ser o que sou. A PROFESSORA.
Através do adulto responsável que me tornei, do amadurecimento que adquiri, das experiências de vida que tenho e da admiração que causo, posso ser aquilo que eu quiser. Criança, quando me divirto com meus pequenos. Embora não sejam tão crianças assim, a gente brinca, canta, joga bola, fala de desenhos animados, chupamos balas e nos divertimos muito.
Com meus adolescentes é a parte mais deliciosa da vida, sempre aprendo com eles. Ali sou mãe, amiga conselheira, inimiga, médica, as vezes sou só um ombro, outras vezes sou só a mão que acarinha e enxuga as lágrimas.
Com os adultos, sou sempre a professora, mas aquela que está cercada de admiração, respeito, compreensão... são eles sempre, os que mais me ensinam, os que mais me lembram quão prazeroso é ser o que sou. Não queria ser professora, queria tudo menos isso. Hoje entendo porque Deus mudou meus planos e me fez andar por outros caminhos. Sou aquilo que me enche de prazer, que me faz passear por todas as fases da vida e me dá a oportunidade de voltar sempre para meu lugar seguro. Tenho diariamente ao meu lado pessoas ávidas de aprender e de ensinar. Cada um tem seus medos, traumas, sonhos, desejos ! Partilho esses sonhos, muitos medos, alegrias, curiosidades. Tenho os meus problemas sofro, choro, desiludo-me. Nem sempre dá certo tudo o que programo; Erro demais e aprendo errando também! Mas de uma coisa estou certa...sou inteira. Inteira nas lágrimas e no sorriso. Inteira no ensinar e no aprender. Sei que meus alunos precisam de mim tanto quanto eu preciso deles. E por isso somos tão especiais!
Eles são tão especiais na minha vida que não consigo me imaginar longe deles por tanto tempo. Poucos sabem a imensa alegria que cada um planta no meu coração dia após dia. E é nesta nobre missão de educar que, com muito orgulho entendo... que nada me faria mais feliz do que ser e estar onde estou!!
Ser professora é ser um mistura de todos, é ser uma soma de tudo. É ser uma mãe, um pai, um orientador, um psicólogo, um mestre, um amigo, um companheiro... è cumprir sua missão com abnegação, ser humilde para aceitar , ser seguro para entender.
Ser professor é renunciar um pouco de si cada dia. Não só para ensinar, mas também para aprender...

2 comentários:

Nelson José disse...

Sim, ensinar e aprender são igualmente recíprocos.
Ensinar não seria uma capacidade, e sim um dom.
Aprender, já é uma lei universal; precisamos nos moldar, lapidar, plasmar em algo melhor e maior do que somos.
Os professores/as tem também essa responsabilidade, não só pelo conhecimento, também pela convivência compartilhar o melhor de si, e não só incutir conhecimento, mas semear amor,paz, esperança e todos esses adjetivos quase esquecidos em nosso século.

tainah disse...

Vanessa, muito obrigada pelas palavras no blog. É muito bom quando a gente alcança, e ser professor é uma bela chance, afinal né. Acho lindo quem ensina com esperança. Lindo mesmo!
abraço!